domingo, 20 de junho de 2010

Biografia de Josué de castro

Conheça um pouco da história de Josué de castro, autor do próximo livro para nossa resenha "HOMENS E CARANGUEJOS".
O COMEÇO DE TUDO NO RECIFE 
Em 5 de setembro de 1908, nascia Josué Apolônio de Castro, filho único de Manoel Apolônio de Castro e de Josepha Carneiro de Castro, na cidade de Recife. O pai de Josué veio com a família de Cabaceiras, no alto sertão paraibano, durante a grande seca de 1877. Era proprietário de terras e mercador de gado e leite. Josepha Carneiro, também conhecida como “Dona Moça”, era filha de senhor de engenho da zona da mata pernambucana, e tornou-se professora em Recife.

Pernambuco daquela época não apresentava diferenças consideráveis em relação ao restante do Nordeste brasileiro, estagnado economicamente e com sua gente sofrida. A situação agravava-se em conseqüência das terríveis secas que se sucederam no final do século XIX. Só na grande seca de 1877 a 1879 morreram cerca de 300 mil pessoas. As secas continuaram se repetindo em 1888/89 e 1898/1900, afetando a população trabalhadora do sertão que completava séculos, quase três, de latifúndio e padecimentos. Com a produção paralisada e a economia em crise só restou aos trabalhadores desempregados a alternativa de migrarem para outras regiões do território brasileiro. Alguns buscaram a Amazônia e o Centro-Sul onde se desenvolviam as culturas da borracha e do café, respectivamente, outros permaneceram no Nordeste.

Josué de Castro estudou em dois colégios tradicionais do Recife. No primeiro, não se adaptou à rígida disciplina e tornou-se um aluno rebelde. No segundo, passou a interessar-se pelos estudos graças à influência do educador Pedro Augusto Carneiro Leão, o qual, segundo Josué, foi a figura humana que mais influência teve em sua vida.

"Uma influência discreta, dissimulada, mas no fundo decisiva: a do educador Pedro Augusto Carneiro Leão, mestre insuperável de inúmeras gerações de pernambucanos, possuidor de uma penetração psicológica que lhe dava um domínio tranqüilo sobre a inquieta população de seus jovens alunos. Este grande pedagogo, profundo conhecedor da alma infantil não pretendeu dominar a fera pela força, quebrando-lhe o ímpeto selvagem com castigos, mas captar o seu interesse e desviar sua inquietação para objetivos mais nobres".

O amigo Otávio Pernambucano testemunhou o papel de Josué de mediador entre o pai e a mãe, que haviam se separado.

"Ele e a Velha Moça adoravam-se. Com o Velho Neco toda cordialidade, prosa franca, mas um conflito latente – a mesa ali era farta e lá adiante bem pobre, tudo o que quisesse para si dava-lhe o pai, mas arengava para dar um pouco mais à Velhinha, àquele não era ilícito, mas aí estava o preço que o filho cobrava para aceitar a situação. Desconfiado de ardis, o pai queria saber o que ele fazia do dinheiro, com fundada razão, pois tinha de sobrar de tanto um tanto para a Velhinha, e assim era também depois, da mesada do estudante. Esse contraste entre a abastança por um lado e a miséria pelo outro, foi a constante de toda sua vida, doía, queimava-lhe a pele, deixou-lhe a marca".

Com sacrifício, os pais de Josué queriam que seu filho estudasse medicina, na Bahia. Lá, ele permaneceu por três anos e concluiu a Faculdade no Rio de Janeiro, em 1929, com 20 anos de idade.

Durante o período em que estudou na Faculdade da Bahia, dois colegas que moravam na mesma pensão exerceram grande influência sobre Josué: Arthur Ramos e Theotonio Brandão . Ao ver um estudo de Arthur Ramos publicado nas páginas de “O Jornal”, o jovem Josué se sentiu motivado a escrever seu primeiro ensaio, A Literatura moderna e a doutrina de Freud, publicado na “Revista de Pernambuco”.

O jovem pernambucano, Josué de Castro, estudante de medicina, era extremamente vaidoso, e para demonstrar erudição, saía à rua com o mais grosso de seus livros de estudo, conforme relata em seu diário. Não via fronteiras sociais nem culturais que não pudessem ser ultrapassadas, e acreditava em sua inteligência e competência para conquistar o reconhecimento de seu trabalho.

“Com Freud fui direto ao estudo da psiquiatria. Encantei-me com o achado que na Psiquiatria eu poderia relacionar a literatura com a medicina” . Aos poucos, o interesse por Freud foi diminuindo e começou a fase da poesia, quando teve publicados seus poemas no Diário da Manhã e na Revista de Antropofagia. Como muitos jovens artistas da época, foi influenciado pela Semana de Arte Moderna, ocorrida em 1922.

Os seus vários artigos e crônicas publicados na época de estudante já revelavam a multiplicidade de interesses: ciência, literatura, pintura, cinema eram alguns dos temas que foram abordados neste período.

Em 1929, viaja para o México chefiando uma delegação de estudantes, por ocasião da posse do Presidente Pascual Ortiz Rubio, ex-embaixador no Brasil. Por este motivo, deixa de comparecer a sua própria colação de grau, pedindo para alguém responder por ele durante a cerimônia. O Presidente Rubio, no dia de sua posse presidencial, é ferido a bala, e acaba por renunciar ao mandato dias depois.

Do México, Josué segue para os Estados Unidos onde faz estágio por quatro meses na Universidade de Columbia e no Medical Center de Nova Iorque.

De volta ao Recife, o jovem médico e professor casa-se em 1934 com sua ex-aluna, Glauce Rego Pinto, com quem veio a ter três filhos: Josué Fernando, Anna Maria e Sonia.

Para ver essa biografia e algo mais sobre Josué de Castro visite o site:
 http://www.projetomemoria.art.br/JosuedeCastro/index.html

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